segunda-feira, 8 de maio de 2017

O APQP (do inglês Advanced product quality planning), ou simplesmente Planejamento Avançado da Qualidade do Produto, é um dos 5 manuais criado pelas montadoras Ford, GM e Chrysler (os cinco manuais são: PPAP, FMEA, CEP, MSA e APQP) para auxiliar seus fornecedores a comunicarem seus requisitos de Planejamento da Qualidade do Produto a seus fornecedores e clientes;
O manual do APQP apresenta todos os requisitos de suporte ao desenvolvimento de um produto ou serviço buscando a satisfação do cliente final.

Cronograma do Planejamento Avançado da Qualidade do Produto (APQP)

A seguir vamos apresentar um breve comentário sobre cada uma das 5 fases do APQP:

1ª Fase: Planejamento e definição do programa:
Nessa fase busca-se que as necessidades dos clientes estejam claramente entendidas pela organização;
São considerados dados de entrada dessa fase:
a) Voz do Cliente (Voice of Client – VOC);
b) Plano de negócio e estratégia de marketing;
c) Premissas do produto e do processo;
d) Estudo de confiabilidade do produto;

2ª Fase: Verificação do Projeto e Desenvolvimento do Produto:
Nessa fase busca-se fazer uma análise preliminar da viabilidade do projeto e do processo a fim de evidenciar potenciais problemas que poderão acontecer na fase de produção;
São considerados dados de entrada dessa fase:
a) Análise de FMEA de Projeto (DFMEA);
b) Análise de manufaturabilidade (DFM) e montagem (DFA); 
c) Verificação e análise crítica do Projeto;
d) Construção de protótipos;
e) Requisitos de ferramental e/ou equipamentos para testes;

3ª Fase: Verificação do Projeto e Desenvolvimento do Processo:
O sucesso dessa fase do desenvolvimento da qualidade depende muito da conclusão bem-sucedida dos estágios anteriores;
São considerados dados de entreada dessa fase:
a) Especificação de embalagens;
b) Análise Crítica do Sistema da Qualidade;
c) Fluxograma do processo;
d) Lay out das instalações;
e) Análise de Modo e Efeito de Falha do Processo (PFMEA);
f) Instruções de trabalho;
g) Plano de Controle;

4ª Fase: Validação do Produto e do Processo:
Essa fase busca assegurar que o plano de controle e o fluxo do processo definidos na fase anterior está sendo seguido e atende aos requisitos do cliente.
São considerados dados de entrada dessa fase:
a) Definição e fabricação de Lote Piloto de Produção;
b) Análise do sistema de medição;
c) Estudo de Capabilidade de Processo (CP/CPk);
d) Aprovação de peças de produção;
e) Testes de validação da produção;
f) Avaliação de embalagem;
g) Aprovação final do Planejamento da Qualidade;

5ª Fase: Análise de Retroalimentação e ação corretiva:
O planejamento da qualidade não termina com a validação do processo e instalações/equipamentos pelo cliente.
A análise de retroalimentação e ação corretiva deve ser conduzida em um estágio em que todas as causas comuns e causas especiais estão atuando no processo... Um o dia a dia da produção!
São considerados dados de entrada dessa fase:
a) Pequenas variações no processo produtivo
b) Maior satisfação do cliente
c) Entrega e assistência técnica
d) Lições Aprendidas

Fases do APQP - Resumindo

Bibliografia:
APQP - Advanced product quality planning, 2 Edição, AIAG

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Conceitos Modernos da Qualidade

Com a evolução da adoção das práticas de Gestão da Qualidade Total iniciados no Japão após a segunda guerra mundial os conceitos de qualidade foram divididos em quatro fases:

Qualidade como “Adequação ao Padrão”:

Essa é a qualidade da conformação obtida basicamente por meios de inspeção.
Esse conceito parte do pressuposto de que o projeto está adequado às necessidades dos clientes, logo a qualidade deve, simplesmente, seguir as especificações de projeto.
Podemos evidenciar esse conceito de qualidade nos processos de inspeção de recebimento de peças, inspeções durante os processos de fabricação ou inspeção final do produto. Desde que essas inspeções sejam executadas usando como base um Plano de Qualidade.

Qualidade como “Adequação ao Uso”:


Nessa fase o foco era a qualidade do projeto de forma a assegurar as necessidades reais dos clientes e não aquilo que os projetistas pensavam. Porém a qualidade ainda era obtida basicamente pela inspeção, o que levava a ter elevados custos de qualidade.
Nessa abordagem, o que faz com que o consumidor adquira o produto é a certeza de que ele irá satisfazer suas necessidades;

Qualidade como “Adequação ao Custo”:

Para esse conceito a qualidade deve atender as reais necessidades dos clientes combinada com custos reduzidos.
Faz-se necessário obter alta qualidade combinada com baixos custos.



Qualidade como “Adequação as Necessidades Latentes”

Esse conceito busca a concepção de produtos ou serviços que venham a satisfazer as necessidades dos clientes as quais eles ainda não têm consciência plena que as mesmas existiam. Seria algo como prever o que o cliente poderia querer antes mesmo dele manifestar tal necessidade.






Alguns conceitos modernos da qualidade
Qualidade considerada como algo abstrato
  • Nem sempre os clientes sabem definir seus desejos com relação a qualidade
  •  Nesse caso a Gestão da Qualidade poderia criar mecanismos para influenciar nas preferências e necessidades dos clientes;
  • A empresa deve se aproximar mais do mercado e conhecer seu público alvo;
  • Oferecer opções que o cliente não conhece e que pode estar em linha com suas necessidades;
  • Usar os canais de comunicação para facilitar essa aproximação;

Qualidade considerada como absoluta falta de defeitos
  • Qualidade é vista como “perfeição”
  • Sabemos que, “estatisticamente”, absoluta falta de defeitos não existe... Porém, nesse caso a Gestão da Qualidade poderia investir na melhoria do processo produtivo para reduzir ao máximo o aparecimento de falhas (uso de CEP), além de aumentar os prazos de garantias;

         
Qualidade nunca se altera
  • Pode-se considerar que um produto tenha qualidade porque ele nunca se altera com o passar do tempo
  • Nesse caso a Gestão da Qualidade deve investir na permanência de produtos que são efetivamente de agrado dos consumidores já há algum tempo;
  • Trabalhar para manter a fidelidade dos clientes;

Qualidade como aspecto subjetivo
  • Nesse caso a Gestão da Qualidade poderia desenvolver processos em que o cliente interfira na produção de bens e serviços da empresa tornando-o mais adequado as suas necessidades.

Qualidade como capacidade de fabricação
  • Nesse caso a Gestão da Qualidade deve investir em processos produtivos mais confiáveis.
  • Muitos restaurantes ou supermercados costumam dividir a área da cozinha ou açougue com parede de vidro de forma que os clientes possam acompanhar o processo produtivo.



Qualidade como diversidade de opções
  • A gestão da qualidade investindo no aumento das faixas de atuação da empresa no mercado;
  • Um produto alimentício apresentando diversas versões; light, diet, zero gordura trans, em porções menores, tamanho família, etc.
  • Um produto de limpeza apresentando diversas versões; Limpeza pesada, sem cloro, desengorduraste, etc.

Bibliografia:
Paladini, P. Edson. Gestão da Qualidade: Teoria e prática. 2ª. Edição. Atlas.
http://www.qualidadebrasil.com.br

terça-feira, 2 de maio de 2017

A Evolução Histórica da Qualidade


1.   Introdução

Atualmente acompanhamos na mídia as inúmeras e aceleradas transformações econômicas, políticas e sociais que o mundo moderno está passando. Essas transformações refletem diretamente no dia-a-dia de todos nós.
As transformações do pensamento da qualidade também não são recentes. Para entendermos melhor como tudo começou eu convido a todos a um salto no passado. Vamos começar nossa observação no final do século XIX.

2.   Qualidade centrada no artesão
Podemos assumir que a história marcante da qualidade teve início com a primeira revolução industrial, embora haja alguns historiadores que vão um pouco mais atrás no tempo e relacionam o início dos pensamentos da qualidade aos tempos de Hamurabi e seu código que condenava à morte qualquer construtor que construísse uma casa que desmoronasse por não ser sólida o suficiente, matando o morador.
Um pouco menos de preciosismo na nossa viagem no tempo, vamos viajar até um momento no tempo onde não existiam industrias. Nessa época o artesão possuía domínio completo de todo o ciclo produtivo do produto, da produção da matéria-prima até a etapa de venda do produto ao cliente. Pode-se dizer que, sob o ponto de vista da qualidade, os artesões eram capazes de atender plenamente os requisitos da qualidade porque tinha domínio completo da produção e estavam em contato direto com o cliente. Mas sua produção era limitada e, devido à falta de padronização, não era possível fazer um segundo pedido exatamente igual ao primeiro.



3.   Qualidade centrada no Supervisor
Então, no final do século XIX veio a revolução industrial. Uma nova ordem produtiva passa a dominar.
Trabalhadores perdem sua autonomia e são reunidos num mesmo local para produzirem, sob comando de um capitalista, que organiza a produção, assume a definição do padrão de como produzir e a comercializar os produtos. Os mestres, capatazes, encarregados ou supervisores passam a assumir boa parcela dos controles operacionais. Porém o trabalhador é que tinha todas as responsabilidades pela qualidade. Como na fase artesanal, o produto ainda podia ser associado a quem o produz.







4.   Qualidade centrada no Inspetor

Em meados de 1920 a produção industrial sofre um grande impacto da "administração cientifica", de Frederick Taylor, que intensifica a divisão do trabalho e tem como um dos principais fundamentos, a separação entre o planejamento e a execução.
Como resultado da crescente divisão do trabalho nas fabricas, surge a figura do “Inspetor da Qualidade", sendo retirada do supervisor a função de controle da qualidade.
Aumento do ritmo e método de trabalho e o sistema de remuneração por tarefas, preconizado por Taylor, acabam surtindo efeito negativo sobre a qualidade. A qualidade se torna onerosa; a inspeção ainda era 100% dos itens produzidos, gerando enorme quantidade de produtos defeituosos.




5.   Qualidade centrada no controle estatístico
A Segunda Guerra Mundial trouxe para a indústria a tarefa de produzir enormes quantidades de produtos militares e a inspeção 100% dos requisitos da qualidade tornou-se inviável.
Liderado por Walter Andrew Shewhart, surge o Controle Estatístico da Qualidade.  O foco da qualidade não mais é o produto, mas o processo. As inspeções passam a ser amostrais com base em dados estatísticos.





6.   A era do Controle de Qualidade Total (TQC)
A partir do ano de 1945, começam as surgir nos Estados Unidos as primeiras associações de profissionais da área da qualidade, primeiro surge a Society of Quality Engineers, no ano seguinte, 1946, surge a American Society for Quality Control (ASQC), e com essas associações começam a surgir nomes importantíssimos para a Gestão da Qualidade, como Joseph M. Juran. Assim como ocorreu nos Estados Unidos, em 1950 é criada no Japão a associação japonesa de cientistas e engenheiros, a JUSE (Japan Union of Scientists and Engineers).
Em 1951, Juram publica a primeira versão de seu Handbook, consolidando e divulgando os conhecimentos da engenharia da Qualidade, e apresentando o conceito de custos da qualidade.


7.   Garantia da Qualidade Total (enfoque ocidental)
A partir da década de 60 a qualidade passa a ter enfoque sistêmico, ou seja, passa a abranger a empresa como um todo, tratando de aspectos técnicos, administrativos, organizacionais, e a depender não só da engenharia e da estatística, mas também de ciências tais como psicologia, sociologia, educação, economia, informática, ciências jurídicas, e outros. Em 1960 Philip Crosby enfatiza aspectos de gestão e relações humanas no “custo da qualidade”.
Com o surgimento das usinas nucleares na década de 60, foi desenvolvido o conceito de Garantia da Qualidade, exigindo das empresas fornecedoras a utilização de conceitos rígidos de qualidade.


8.   Controle da Qualidade por toda a empresa (CWQC) – Enfoque oriental
Nessa época surge no Japão alguns autores de impotência como Kaoru Ishikawa e Taiichi Ohno que propõem um modelo do TQC no enfoque oriental e batizando-o de Controle de Qualidade por Toda a Empresa (CWQC, sigla do inglês: Company Wide Quality Control).
A partir do esforço de reconstrução do pós-guerra, a indústria japonesa surpreende o ocidente, ganhando liderança em diversos setores, fortemente ligados a qualidade, que se torna estratégia nacional de sobrevivência e competitividade.
Como importantes marcos do desenvolvimento japonês desse período podemos citar: Definição de ferramentas de qualidade como Diagrama de Ishikawa (no ocidente, conhecido como Diagrama de Espinha de Peixe); Criação dos CCQ’s (Círculo de Controle da Qualidade); Sistema Toyota de Produção e com ele algumas ferramentas como: Kaizen; Kanban; Just in time; 5S, Troca Rápida de Ferramentas (SMED – Single Minute Exchenge of Die) e outras.


9.   Gestão da Qualidade
No Ano de 1987, com o apelo da globalização, usando como base uma norma britânica (BS5750) foi criado o modelo normativo série ISO 9000 para a área de Gestão da Qualidade. Essa norma facilitou as exportações de forma geral, assim como a relação entre clientes e fornecedores. O Sistema ISO difundiu-se rapidamente, e tornou-se em muitos casos o requisito de ingresso em muitas cadeias produtivas, principalmente para a indústria automobilística.




segunda-feira, 1 de maio de 2017

Conceitos clássicos de Qualidade segundo alguns Gurus

Joseph Moses Juran nasceu em 24 de dezembro de 1904, na cidade de Braila, na Romênia. Ele foi um dos mestres da gestão da qualidade. Em 1912 se mudou para Minnesota (EUA) com sua família, para se encontrar com seu pai. Em 1920 entrou para a Universidade do Minnesota e em 1924, se formou como Engenheiro Elétrico e foi trabalhar para a "Western Eletric Company", onde iniciou seu trabalho com qualidade. Ele ainda se tornou Doutor em Direito trabalhou como executivo industrial, professor e consultor na área de qualidade.
Qualidade é a ausência de deficiências”.




Philip Crosby ficou popularmente conhecido pela frase: "A qualidade é grátis." O livro assim denominado teve tanto sucesso que Crosby estabeleceu a sua própria consultora e fundou um colégio para a Qualidade, na Florida. Os dois pilares das suas obras são o "fazer bem à primeira" e a filosofia de "zero defeitos". A sua definição de qualidade é a conformidade com os requisitos da empresa, por sua vez, conformes com os dos clientes. Uma mensagem simples acompanhada de números irrefutáveis.
Qualidade é a conformidade do produto às suas especificações”.





Edward Deming introduziu a filosofia da qualidade total na indústria japonesa do pós-guerra juntamente com o colega Juran. Foi quase um deus para os gestores japoneses, que, em 1951, criaram um prêmio de qualidade em sua homenagem. Deming elaborou no seu livro Out of Crisis os célebres 14 passos para a qualidade total.
Qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista do cliente”.






Kaoru Ishikawa foi o primeiro a utilizar o termo Controle de Qualidade Total e selecionou as "Sete Ferramentas da qualidade", nas quais considerou que qualquer trabalhador pudesse trabalhar, colocando a qualidade nas mãos dos especialistas. Ishikawa foi, também, o criador dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ). Tornou-se famoso pela criação do diagrama de causa e efeito (ou, Diagrama de Ishikawa). Sua filosofia é voltada para a obtenção da qualidade total através de suas cinco dimensões: Qualidade, Custo, Entrega/Atendimento, Moral e Segurança).
Qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor”. 


Para Armand Feigenbaum a qualidade é um trabalho de todos na organização. Não é possível fabricar produtos de alta qualidade se o departamento de manufatura trabalhar isolado. Segundo o autor, diferentes departamentos devem intervir nas parcelas do processo que resultam no produto, e esta colaboração varia desde o projeto do produto ao controle pós-venda, para que assim não ocorram erros que prejudiquem a cadeia produtiva, causando problemas ao consumidor.
Qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda a série de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário”.