terça-feira, 2 de maio de 2017

A Evolução Histórica da Qualidade


1.   Introdução

Atualmente acompanhamos na mídia as inúmeras e aceleradas transformações econômicas, políticas e sociais que o mundo moderno está passando. Essas transformações refletem diretamente no dia-a-dia de todos nós.
As transformações do pensamento da qualidade também não são recentes. Para entendermos melhor como tudo começou eu convido a todos a um salto no passado. Vamos começar nossa observação no final do século XIX.

2.   Qualidade centrada no artesão
Podemos assumir que a história marcante da qualidade teve início com a primeira revolução industrial, embora haja alguns historiadores que vão um pouco mais atrás no tempo e relacionam o início dos pensamentos da qualidade aos tempos de Hamurabi e seu código que condenava à morte qualquer construtor que construísse uma casa que desmoronasse por não ser sólida o suficiente, matando o morador.
Um pouco menos de preciosismo na nossa viagem no tempo, vamos viajar até um momento no tempo onde não existiam industrias. Nessa época o artesão possuía domínio completo de todo o ciclo produtivo do produto, da produção da matéria-prima até a etapa de venda do produto ao cliente. Pode-se dizer que, sob o ponto de vista da qualidade, os artesões eram capazes de atender plenamente os requisitos da qualidade porque tinha domínio completo da produção e estavam em contato direto com o cliente. Mas sua produção era limitada e, devido à falta de padronização, não era possível fazer um segundo pedido exatamente igual ao primeiro.



3.   Qualidade centrada no Supervisor
Então, no final do século XIX veio a revolução industrial. Uma nova ordem produtiva passa a dominar.
Trabalhadores perdem sua autonomia e são reunidos num mesmo local para produzirem, sob comando de um capitalista, que organiza a produção, assume a definição do padrão de como produzir e a comercializar os produtos. Os mestres, capatazes, encarregados ou supervisores passam a assumir boa parcela dos controles operacionais. Porém o trabalhador é que tinha todas as responsabilidades pela qualidade. Como na fase artesanal, o produto ainda podia ser associado a quem o produz.







4.   Qualidade centrada no Inspetor

Em meados de 1920 a produção industrial sofre um grande impacto da "administração cientifica", de Frederick Taylor, que intensifica a divisão do trabalho e tem como um dos principais fundamentos, a separação entre o planejamento e a execução.
Como resultado da crescente divisão do trabalho nas fabricas, surge a figura do “Inspetor da Qualidade", sendo retirada do supervisor a função de controle da qualidade.
Aumento do ritmo e método de trabalho e o sistema de remuneração por tarefas, preconizado por Taylor, acabam surtindo efeito negativo sobre a qualidade. A qualidade se torna onerosa; a inspeção ainda era 100% dos itens produzidos, gerando enorme quantidade de produtos defeituosos.




5.   Qualidade centrada no controle estatístico
A Segunda Guerra Mundial trouxe para a indústria a tarefa de produzir enormes quantidades de produtos militares e a inspeção 100% dos requisitos da qualidade tornou-se inviável.
Liderado por Walter Andrew Shewhart, surge o Controle Estatístico da Qualidade.  O foco da qualidade não mais é o produto, mas o processo. As inspeções passam a ser amostrais com base em dados estatísticos.





6.   A era do Controle de Qualidade Total (TQC)
A partir do ano de 1945, começam as surgir nos Estados Unidos as primeiras associações de profissionais da área da qualidade, primeiro surge a Society of Quality Engineers, no ano seguinte, 1946, surge a American Society for Quality Control (ASQC), e com essas associações começam a surgir nomes importantíssimos para a Gestão da Qualidade, como Joseph M. Juran. Assim como ocorreu nos Estados Unidos, em 1950 é criada no Japão a associação japonesa de cientistas e engenheiros, a JUSE (Japan Union of Scientists and Engineers).
Em 1951, Juram publica a primeira versão de seu Handbook, consolidando e divulgando os conhecimentos da engenharia da Qualidade, e apresentando o conceito de custos da qualidade.


7.   Garantia da Qualidade Total (enfoque ocidental)
A partir da década de 60 a qualidade passa a ter enfoque sistêmico, ou seja, passa a abranger a empresa como um todo, tratando de aspectos técnicos, administrativos, organizacionais, e a depender não só da engenharia e da estatística, mas também de ciências tais como psicologia, sociologia, educação, economia, informática, ciências jurídicas, e outros. Em 1960 Philip Crosby enfatiza aspectos de gestão e relações humanas no “custo da qualidade”.
Com o surgimento das usinas nucleares na década de 60, foi desenvolvido o conceito de Garantia da Qualidade, exigindo das empresas fornecedoras a utilização de conceitos rígidos de qualidade.


8.   Controle da Qualidade por toda a empresa (CWQC) – Enfoque oriental
Nessa época surge no Japão alguns autores de impotência como Kaoru Ishikawa e Taiichi Ohno que propõem um modelo do TQC no enfoque oriental e batizando-o de Controle de Qualidade por Toda a Empresa (CWQC, sigla do inglês: Company Wide Quality Control).
A partir do esforço de reconstrução do pós-guerra, a indústria japonesa surpreende o ocidente, ganhando liderança em diversos setores, fortemente ligados a qualidade, que se torna estratégia nacional de sobrevivência e competitividade.
Como importantes marcos do desenvolvimento japonês desse período podemos citar: Definição de ferramentas de qualidade como Diagrama de Ishikawa (no ocidente, conhecido como Diagrama de Espinha de Peixe); Criação dos CCQ’s (Círculo de Controle da Qualidade); Sistema Toyota de Produção e com ele algumas ferramentas como: Kaizen; Kanban; Just in time; 5S, Troca Rápida de Ferramentas (SMED – Single Minute Exchenge of Die) e outras.


9.   Gestão da Qualidade
No Ano de 1987, com o apelo da globalização, usando como base uma norma britânica (BS5750) foi criado o modelo normativo série ISO 9000 para a área de Gestão da Qualidade. Essa norma facilitou as exportações de forma geral, assim como a relação entre clientes e fornecedores. O Sistema ISO difundiu-se rapidamente, e tornou-se em muitos casos o requisito de ingresso em muitas cadeias produtivas, principalmente para a indústria automobilística.




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